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segunda-feira, 13 de março de 2017

13 — 1961#13 MARÇO#2017

ANO
 11
LIVRARIA VIRTUAL em
www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
3276


Hoje é um dia muito especial. Três leitores fizeram preito a data.
O Élcio Mário Pinto, escritor e poeta escreveu desde Sorocaba: Muito bom dia aos leitores do Blog do CHASSOT. Que ele me permita dizer a todos: nesta data, 13 de março de 2017, este homem do Brasil e da Terra, em viagens, coração e dedicação à Educação, completa 56 anos como PROFESSOR. Conforme apurei, seu início data de 13/03/1961. Então, CHASSOT, receba o nosso abraço agradecido em comemoração a este seu dia. Por tal comemoração, festejamos seu trabalho que nos chega em altíssima qualidade. Parabéns, amigo! O Paulo Marcelo Pontes professor e químico desde a sua Olinda postou: Meu querido Attico, parabéns pelos 56 anos de magistério! Que a luz emanada de ti continue a nos iluminar por quinhentos séculos! Grande abraço. e o Lúcio Natanael Pedroso, que não reconheço em que plaga me lê, registrou: Muito atencioso Professor, parabéns pela celebração de seus 56 anos de professor ainda tão produtivo e com tanta vitalidade. Já tive o privilégio de ouvi-lo em vários locais e em tempos diferentes. O passar dos anos parece que só lhe aprimoram. Alegro-me pelo privilégio de ser seu leitor. Aos três e a cada uma e cada um que me acarinha: “muito obrigado!”
Permito-me transcrever algumas linhas, talvez conhecidas de alguns. Elas são excertos do primeiro capitulo (p.28-30) do “Memórias de um professor: hologramas desde um trem misto*”.
Terminado os três anos de científico, fiz em janeiro, vestibular na UFRGS para Engenharia. Então se fazia vestibular unificado para a Escola de Engenharia e a opção por uma modalidade (Civil, Minas, Química...) acontecia durante o 1º ano. Fui reprovado em desenho. Não consegui desenhar uma parábola, como o exigido, com tinta nanquim. Em fevereiro, na segunda chamada, se repetiu o meu insucesso, pela mesma razão. Fiquei muito frustrado. Não sabia o que fazer. Vi que não havia sentido ficar em Porto Alegre, pois meu emprego servia para pagar o aluguel de um quarto de um apartamento que ficava na avenida Getúlio Vargas, que eu compartia com o colega de Julinho Omilton Bonotto, que fora aprovado na Medicina.
Em Montenegro procurei sem sucesso algum emprego em escritório de alguma empresa. Em qualquer lugar era descartado por falta de experiência. Minha busca de emprego se dava em uma área que eu, há três anos, rejeitara. Deixara, então, a cidade porque as duas únicas opções depois de se terminar o ginásio eram curso de magistério, há época exclusivamente feminino; e, técnico em contabilidade, que não estava no horizonte de quem sonhava voar mais alto. Agora o reprovado no vestibular buscava emprego em algum escritório. Imaginem-se quantos técnicos em contabilidade deveria haver disponíveis. Quem empregaria alguém que tinha feito o curso científico?
Minha mãe, sempre muito pragmática no comando de sete filhos, teve então uma idéia audaciosa. Por que tu não vais ao Colégio Jacob Renner? Lá podem estar precisando de professor. Havia na proposta de minha mãe duas fabulosas ousadias: a mais significativa, ela muito católica recomendar-me uma escola mantida pela Igreja Episcopal; é preciso recordar que o Concílio Vaticano II só começaria no ano seguinte, e o vigário católico da cidade negava a eucaristia aos pais que colocassem os filhos no Jacob Renner, que era uma escola gratuita. Professores católicos certamente mereceriam a excomunhão. A outra, o crédito que ela tinha no seu filho, admitindo que esse tivesse requisitos de ser professor. Mãe é mãe!
Na manhã de 13 de março fui ao Jacob Renner, sendo entrevistado pelo diretor Reverendo Ernst Bernhoeft, alma-mater do Colégio. Não me lembro o que ele me perguntou, mas sai da escola com emprego. Lecionaria matemática nas duas 1ªs e duas 2ªs series do curso ginasial. O curso ginasial era até a reforma do ensino imposta pela Lei 5692, de agosto de 1971, formado por quatro anos. O ginasial sucedia aos cinco anos do curso primário e era acessado mediante exame de admissão ao ginásio. As séries que me foram destinadas corresponderiam no sistema de hoje a 6ª e 7ª do ensino fundamental. Era uma segunda-feira. As aulas começariam na quarta-feira. Programei-me para ir a Porto Alegre no dia seguinte buscar meus livros, pois não trouxera ainda minha mudança, e preparar-me para a grande estreia. Todavia naquele mesmo dia ainda aconteceria algo inusitado.
No começo da tarde, batem na casa de meus pais, para onde eu retornara depois de meus fracassos no vestibular, – e perguntam pelo ‘Professor Attico!’. Eu, não sem alta dose de atrapalhação, pois nunca fora assim antes chamado, respondo que era eu. ‘O Reverendo mandou este livro para o senhor preparar uma aula para hoje à noite, pois o professor do 3º científico vai faltar!’. Engoli em seco e recebi o livro de Matemática do 3º ano colegial, do Ary Quintella. Ainda tenho o livro de capa verde, com um desenho de uma função derivada na capa. Quem se preparava nervosamente para a estreia daí a dois dias, pariria a fórceps seu debute no magistério ainda aquela noite.
Lembro-me que parti da João Pessoa, 1884 e desci a Oswaldo Aranha, até perto da Estação da Viação Férrea, onde ficava o Jacob Renner, numa quase noite. Pelo caminho repeti várias vezes a aula sobre ‘números complexos’ que preparava para alunos da mesma série que eu frequentara no ano anterior. Só fazia aos céus um pedido: que ninguém me perguntasse nada. Não recordo muito da aula, a não ser que sentia o suor pingar na minha espinha. Lembro do grupo. Eram talvez 10 alunos, dos quais mais de um no verão seguinte preparou o vestibular comigo. A história da falta do professor era blefe. Tornei-me, depois deste teste, professor da turma.
* CHASSOT, Attico. Memórias de um professor: hologramas desde um trem misto. Ijuí: Editora Unijui 501p. 2012. ISBN 978-85-7429-986-0

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