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segunda-feira, 27 de abril de 2015

27.- PARA QUE JAMAIS ESQUEÇAMOS


ANO
 9
EDIÇÃO
 3033

Neste abril, evocamos o centenário de algo que, se conhecemos pouco, é preciso não esquecer, simbolizado numa florinha de miosótis*: o Genocídio armênio ou o holocausto armênio, ou ainda, o massacre dos armênios é como é chamada a matança e deportação forçada de centenas de milhares ou até mais de um milhão de pessoas de origem armênia que viviam no Império Otomano, com a intenção de exterminar sua presença cultural, sua vida econômica e seu ambiente familiar, durante o governo dos chamados Jovens Turcos, de 1915 a 1917. [*miosótis ou ‘não-esqueça-de-mim’ ou  “Vergiss mich nicht” como a minha mãe chamava, em alemão sua língua materna].
Caracterizou-se pela sua brutalidade nos massacres e pela utilização de marchas forçadas com deportações, que geralmente levava a morte a muitos dos deportados. Outros grupos étnicos também foram massacrados pelo Império Otomano durante esse período, entre eles os assírios e os gregos de Ponto. Alguns historiadores consideram que esses atos são parte da mesma política de extermínio.
Está firmemente estabelecido que foi um genocídio, e há evidências do plano organizado e intentado de eliminar sistematicamente os armênios. É o segundo mais estudado evento desse tipo, depois do Holocausto dos judeus na Segunda Guerra Mundial.
A destruição premeditada de objetos do patrimônio cultural, religioso, histórico e comunitário armênio foi mais um objetivo genocídio em si e da campanha de negação pós-genocídio. Igrejas armênias e mosteiros foram destruídos ou transformados em mesquitas, cemitérios armênios foram destruídos, e, em várias cidades (como Van), bairros armênios foram demolidos.
Além das mortes, os armênios perderam suas propriedade e bens, sem compensação, empresas e fazendas foram perdidas, e todas as escolas, igrejas, hospitais, orfanatos, conventos, e cemitérios tornaram-se propriedade do Estado turco. Em janeiro de 1916, o Ministro Otomano do Comércio e Agricultura emitiu um decreto ordenando a todas as instituições financeiras que operavam dentro das fronteiras do império para entregar os ativos armênios ao governo. Há registros de que, tanto quanto £ 6.000.000 de ouro turco foi apreendidos junto com bens imóveis, dinheiro, depósitos bancários e joias. Os ativos foram então canalizados para os bancos europeus, incluindo Deutsche Bank e Dresdner Bank.
Após o fim da Primeira Guerra Mundial, os sobreviventes do genocídio tentaram retornar e recuperar seus antigos lares e bens, mas foram expulsos pelo governo de Ancara. Em 1914, o patriarca Armênio de Constantinopla apresentou uma lista dos locais sagrados armênios sob sua supervisão. A lista continha 2.549 lugares religiosos, dos quais 200 eram mosteiros, enquanto 1.600 foram igrejas. Em 1974, a UNESCO declarou que, após 1923, de 913 monumentos históricos deixados armênios na Turquia oriental, 464 desapareceram completamente, 252 estão em ruínas, e 197 estão em necessidade de restauração .
Acredita-se que cerca de 1,5 milhão de armênios foram mortos durante o genocídio. Dentre eles, vários morreram assassinados por tropas turcas, em campos de concentração, queimados, enforcados e até mesmo jogados amarrados ao Rio Eufrates, mas a maior parte dos armênios morreu por inanição, ou seja, falta de água e alimento.
Os sobreviventes do genocídio saíram do Império Otomano e instalaram-se em diversos países. Esse fato é chamado de diáspora armênia. É estimado que a diáspora armênia contou com mais de oito milhões de armênios. O número de armênios no Brasil, conforme estimativas, chega a 25 mil, sendo em sua maioria em São Paulo (com auxílio da Wikipédia).
Uma referência de armênios importantes: Calouste Sarkis Gulbenkian, (Üsküdar, 23 de março de 1869 — Lisboa, 20 de julho de 1955), foi um engenheiro e empresário armênio otomano naturalizado britânico (1902), ativo no setor do petróleo e um dos pioneiros no desenvolvimento desse sector no Médio Oriente. Foi também um mecenas, tendo dado um grande contributo para o fomento da cultura em Portugal. A sua herança esteve na origem da constituição da Fundação Calouste Gulbenkian.

3 comentários:

  1. Olá Chassot
    Realmente o século XX tem a marca dos genocídios, dentre eles este dos armênios, que envergonha e mancha nossa trajetória humana. Recentemente pude me inteirar um pouco mais do assunto, ao ler a obra de Bernard Bruneteau, "O Século dos Genocídios", onde o autor traz reflexões a respeito do tema, incluindo ainda os genocídios na Rússia (1932-1933), o dos judeus na Alemanha (1937-1949), dos Cambojanos pelos Vietnamitas (1975-1979) e o recente genocídio em Ruanda pós Guerra Fria.
    Uma história repleta de violência e de desvalorização da vida humana. Tudo merece mesmo ser denunciado e seus autores serem convocados para as Cortes Internacionais a se explicarem. Sou admirador deste novo Sumo Pontífice pelas brilhantes campanhas que tem feito. JB

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  2. Acróstico

    Guerras são por natureza desumanas
    Externam o que há de pior no homem
    Nelas o bicho homem mente, engana
    Os direitos de todos os outros somem.

    Com o povo armênio teria sido assim
    Ínclitos otomanos fizeram holocausto
    Devastaram uma sociedade até o fim
    Império turco negou e vivia no fausto.

    Os armênios conduzidos a um deserto
    Atacados por doenças e pela inanição
    Reduzidos a boiada com destino certo
    Morreram quase todos, mais de milhão.

    Ênfase na destruição dos valores seus
    Nada restou de igrejas e monumentos
    Incréus otomanos negam até seu deus
    Ordenam massacres sem julgamentos.

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  3. Todos os MODOS DE VIDA que não se alinham com o capital e o poder hegemônico tendem a ser extintos por uma concepção que não suporta a diversidade. Triste, não fosse verdade. Somos humanos? O que esses seres que provocam tudo isso e muito mais são?
    A vida vale o que se TEM ou o que se É ?
    Grande abraço, mestre.

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