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sexta-feira, 3 de maio de 2013

03.- QUIPU ANCESTRAL DO CÓDIGO QR



ANO
7
www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
2466
Quando em DEZ95/JAN96 estive no Peru e na Bolívia dei-me conta quanto em A ciência através dos tempos (1ed 1994) fora eurocêntrico. Nas edições posteriores a 2003, há um novo capítulo de 17 páginas: ‘Uma história da ciência latino-americana determina outro marco zero’. Descrevo, então, os quipus (box da esquerda) que foi algo que me deslumbrou.
Quando falava em aulas de Filosofia e História daCiência sobre estes artefatos discutia acerca da obrigação de revermos afirmações de que os Incas tivessem sido uma cultura ágrafa. Nós não sabemos ler seus escritos. A analogia que trazia era do código de barras que acumula informações que só podem ser decodificadas com leitores especiais.
Por outro lado, nos últimos dois anos, sou cada vez mais despertado por uma novidade — Código QR (box da direita) — que estão presentes por toda parte, às vezes em quase cada página de jornais e revistas. Quando, no feriado de quarta-feira fui pesquisar como os mesmos  funcionam, pareceu-me que os quipus são mais parecidos com os Códigos QR do que com os Códigos de barra. Estes estão sendo destronados por aqueles, assim como os CDs tornaram obsoletos os LPs. A rapidação tecnológica já determina a obsolescência dos CDs. Temos que conhecer os Códigos QR antes que novos micro-acumuladores de informação surjam. Por tal, ensaio esse paralelismo.
Quipus ou quipos (do
quíchua cusquenho Quipu ou Khipu = "nó") consistem em um grupo de cordas de comprimentos, grossuras e cores diferentes, pendentes de corda principal, e contendo, os mais curtos, nós representativos de números usados pelos Incas antes da colonização. Eram instrumentos utilizados para comunicação, mas também como registro contábil e como registros mnemotécnicos.
Assim, descarta-se a hipótese que fossem apenas úteis engenhos para se executar cálculos, mesmo que se conheça descrições onde os mesmos eram construídos de uma maneira semelhante ao ábaco oriental. Os quipus, mesmo que sejam instrumentos para calcular − e até para isto talvez não fossem práticos pois os nós eram fixos −, eram instrumentos de registros de informações.
Os cordões eram feitos de lã de lhama ou alpaca, ou de algodão. A posição do nó, bem como a sua quantidade, indicavam valores numéricos segundo um sistema decimal. As cores do cordão, por sua vez, indicavam o item que estava sendo contado, sendo que para cada atividade (agricultura, exército, engenharia etc.) existia uma simbologia própria de cores.
De um único quipu se tiravam informações sobre o número de machos e de fêmeas formadores de rebanhos e, ainda, quantos animais haviam nascido e morrido em cada um dos meses de um determinado ano. Outro uso dos quipus era nos serviços de correios, nos quais chasques (mensageiros) levavam mensagens, por longas distâncias, geralmente relacionadas com decisões governamentais.
O transporte dos quipos era realizado por rápidos mensageiros, que corriam por dois quilômetros pelas trilhas incas levando o quipu contendo as informações a serem transmitidas, até o próximo posto de mensageiros, onde aguardava um mensageiro descansado pronto para continuar o transporte do quipu.
Para saber mais:
ASCHER, Marcia & ASCHER, Robert Code of the Quipu. Ann Arbor: The University of Michigan Press, 1981.

Código QR (sigla do inglês Quick Response)
 é um código de barras bidimensional que pode ser facilmente escanerizado por meio de telefones celulares equipados com câmera. Quem lê o QR acima? Esse código é convertido em texto (interativo), um endereço URI, um número de telefone, uma localização georreferenciada, um e-mail ou um contato. A ferramenta  é opção para minimizar o gasto desnecessário de papel nas empresas.

Criado pela empresa japonesa Denso-Wave em 1994, que liberou sem custo seu uso mundial. Inicialmente usado para catalogar diferentes partes na construção de veículos, hoje o QR Code é usado no gerenciamento de inventário em uma grande variedade de indústrias. Desde 2003, foram desenvolvidas aplicações que ajudam usuários a adicionar dados a seus telefones celulares (usando a câmera do aparelho). Os códigos QR são muito comuns também em revistas e propagandas, para registrar endereços e URLs, bem como informações pessoais detalhadas. No caso de cartões-de-visita, por exemplo, o código QR facilita muito a inserção desses dados em agendas de telefones celulares. Consumidores com programas de captura ou PCs com interface RS-232C podem usar um escâner para capturar as imagens.
No Brasil, o primeiro anúncio publicitário a utilizar o código QR foi publicado pela loja Fast Shop, em dezembro de 2007. Mais tarde, em junho de 2008, a cerveja Nova Schin publicou um anúncio com o código e a Claro fez uma campanha utilizando o código QR em novembro de 2008. A revista Galileu, da editora Globo, também incluiu códigos QR para que o usuário tivesse acesso a informações extras pelo celular. Em novembro de 2008, durante o Salão do Automóvel de São Paulo, a Volkswagen utilizou o código para uma pequena ação em seu stand.
Um código de barras tradicional consegue encriptar somente dados numéricos com até 20 dígitos. Um QR Code tem capacidade de armazenamento de 7.089 numéricos e 4.296 caracteres alfanuméricos.

5 comentários:

  1. Limerique

    Não posso criar então faço alegoria
    Considerando que já existe todavia
    Se ideia não é minha
    Como dizia Chacrinha
    Na vida nada se cria tudo se copia.

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  2. O mundo atravessa um momento único. Um momento de mudanças. O que difere o momento atual, afinal sempre houveram mudanças, é a velocidade que elas estão acontecendo. Vivemos uma grande reviravolta nas comunicações, a interação das mídias, tudo se conecta e teoricamente caminharíamos para uma comunicação plena entre todos. Mas não é bem assim que a coisa funciona. Uma parcela muito pequena da população mundial tem acesso a tais benefícios. Uma maioria esmagadora ainda morre de fome, ou sobrevive.E mesmo esta comunicação é problemática, as pessoas não se falam mais, se teclam no máximo. O telefone celular deixou de ser um aparelho para se usar ao ouvido e passou a ser um instrumento de escrita, e diga-se de passagem, uma nova escrita.

    abraços

    Antonio Jorge

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  3. Ao mestre Chassot: Excelente matéria é a evoluçao dos meios digitais, apesar de ser um avanço na tecnologia o Quich Response ainda se mostra pouco útil no dia a dia da população.Vejo que a juventude ainda fala muito pouco, precisamos de " Codes QR " resposta rápida. Um forte abraço Ley

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  4. Olá,

    Estamos aqui na disciplina de Saberes Científicos Escolares na UFJF do curso de Ciências Biológicas discutindo sobre seu post. Achamos muito interessante pois são dois meios tecnológicos de diferentes momentos históricos que tem propósitos semelhantes de comunicação. Ambos revolucionários para suas épocas. Hoje em dia temos a tendência de achar que o que é antigo não é tecnologia e percebemos que não é bem assim. O exemplo do quipu foi uma tecnologia antiga importante e avançada para sociedade Inca na apropriação dos objetos e fenômenos do mundo.

    Abraços!

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  5. Colegas de UFJf,
    Obrigado pela parceria no fazer alfabetização cientifica!
    Abraços desde Frederico Westphalen
    attico Chassot

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