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quarta-feira, 21 de março de 2012

21.- ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA (*1768 +2012)


21.- ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA (*1768 +2012)
Ano 6 *** www.professorchassot.pro.br *** Edição 2058
Não vou entoar um réquiem à Encyclopaedia Britannica (*1768 + 2012). Não posso dizer que me comovi com sua morte. Na semana passada os editores da ‘Britânica’, como a chamávamos, anunciaram que sua última edição em papel foi a de 2010. No mercado desde 1768, a enciclopédia era atualizada a cada dois anos.
A notícia deu origem a noticiosos especiais, reportagens ilustrativas e blogues com excelentes matérias. Meu colega e amigo Jairo Vieira Brasil, na edição semanal do profjairobrasil.blogspot.com.br que circula aos sábados, narrou, com oportunidade o tempo das enciclopédias. Comentei, então: “Meu caro Jairo, faço minha visita semanal ao teu blogue. Uma vez mais: atual. Não sofro com o adeus à Enciclopédia Britânica em suporte papel. Nunca tive a Britânica. A Gelsa a tem, mas talvez não a tenha aberto nos últimos 20 anos. Tive a Mérito, 20 volumes. Doei há mais de 12 anos a uma escola do MST. Tenho a Larousse, 30 volumes. Meu índice de consulta é talvez uma vez ao mês. Fui um grande consultador de dicionários e enciclopédia em papel. Quando escrevi A ciência através dos tempos, consultei minhas duas enciclopédia e outras mais em bibliotecas, Hoje uso diariamente três dicionários da língua portuguesa e um multi-idiomas, em suporte eletrônico. Meu índice de uso a Wikipédia é no mínimo vinte vezes ao dia. Tenho na Wikipédia o melhor exemplo da democratização do conhecimento. Eu ainda lembras o quanto as enciclopédias papeis eram causadora de exclusão; só os abastados podiam tê-la. Hoje o universo que tem acesso a Wikipédia é imenso. Por tal, também, ajudo financeiramente (vê que ela não tem anúncios) e com verbetes a Wikipédia. Sei que tem erro e que há verbetes que não são neutros. Suporto. A Britânica também tem erros. Assim, não coloquei luto com a notícia desta semana. Com admiração ~~ também ~~ por esta blogada, achassot"
Tenho uma muito afetiva e efetiva ligação com o estudo da história das enciclopédias, especialmente há francesa. Há cerca de 20 anos, publiquei [A enciclopédia, Ciências & Letras. 13, p.77-88, 1993] na Revista da FAPA.
Este texto teve recusa, antes desta edição, de outra revista, pois contava como os jesuítas, no Século 18, conseguiram proibir a Enciclopédia Francesa, pois ‘se as pessoas tiverem conhecimentos serão críticas e então não mais obedeceram ao Rei e a Igreja, pois ela era recebeu o rótulo de teísta e herética, com manifesta tendência antigovernamental, antieclesiástica e anticristã, e foi colocada num Índex muito semelhante aos dos tempos inquisitoriais’ [A ciência através dos tempos, p. 167-172]. Não foi sem razão que logo em seguida Kant brada: “Sapere aude! Tem coragem de saber e liberta-te daqueles que querem pensar por ti e pensa!”
Em minhas aulas História e Filosofia da Ciência acerca da Enciclopédia Francesa, conto que vi no Brasil, a coleção completa da primeira edição (17 volumes de texto e onze de pranchas e ilustrações) em três locais: Biblioteca da UFMG, no Centro Cultural do Banco do Brasil e na Biblioteca da Unisinos. Nesta instituição, mais de uma vez, levei alunos ao setor de obras raras para apreciar esta preciosidade.
A propósito trago, como epílogo, um excerto de texto A essência das enciclopédias publicado por Hélio Schwartsman, na p. 3 da Folha de S. Paulo: É como se o sonho de reunir numa única obra física todo o saber da humanidade tivesse morrido. Era um sonho tolo e que começou a naufragar ainda antes de o primeiro verbete ser criado. É que o próprio termo "enciclopédia" surge de um erro. Copistas latinos que não dominavam o grego derraparam ao transcrever a expressão "egkýklios paideía" ("educação regular", as artes e ciências que todo grego bem-nascido deveria saber) como "egkuklospaideía". Essa forma bastarda deu à luz a palavra latina "encyclopaedia" e seus filhotes em outras línguas.

8 comentários:

  1. Caro Attico,

    ler tua postagem evocou-me a memórias de minha infância, quando folheava páginas e páginas de enciclopédias descompromissadamente, lendo aleatoriamente grande quantidade de verbetes. Emociono-me ao perceber que abandonei essa atividade há muitos anos, pelo prazer que sentia ao ter revelado o significado de tantas palavras que inicialmente tão pouco me diziam.

    Entretanto, também creio que não há motivos para luto. A velocidade com que surgem e se alteram informações cresceu consideravelmente, mais do que em toda a nossa história. Já não existem condições físicas de uma enciclopédia impressa acompanhar esse ritmo e será fato que as enciclopédias permaneçam apenas na memória daqueles e daquelas "pré-bits". O acesso às informações hoje é maior e melhor, além de ser mais democrático e rico, ao possibilitar que uma grande sequência de informações se apresente nas telas em poucos segundos.

    Cada vez mais a informação está atual e presente em nosso contexto, seja por computadores, tablets, celulares e sucessivamente. E o que nos resta esperar do acesso às informações no futuro? Simplesmente que novamente nos surpreenda!

    Grande abraço,

    PAULO MARCELO PONTES

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  2. Ola Chassot Meu Caro
    Meu lamento no sumiço da Enciclopedia Britanica versao papel é mais saudosista do que otura coisa. Me preocupa sempre que o meio eletronico assume o lugar da versao papel, pois parece que perdemos um pouquinho do nosso passado. Talvez seja o mesmo medo que teve a D.Carminha, uma de minhas primeiras professoras, com quem tive aulas de datilografia no final da década de 1960 em Canoas. Abraço e grato por referenciar meu Blog em tua edição desta quarta. JB

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  3. Caro Chassot,
    consulto a Wikipédia diariamente e reproduzo parte dos seus verbetes no meu blog. Entendo que uma enciclopédia necessita ter a dinamicidade da era virtual.
    Cumprimentos, muito boa postagem!

    Um abraço,

    Garin

    http://norberto-garin.blogspot.com

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  4. Caro Chassot,
    Já escrevi sobre a "Britânica", então transcrevo abaixo um trechinho de meu texto: "Obviamente, nos tempos atuais será muito mais fácil organizar a estrutura de coleta de termos do que foi para os ingleses, a internet está aí para isso. Não haverá necessidade de disponibilizar os livros antigos e raros para os possíveis leitores, basta escaneá-los e colocar em bibliotecas virtuais onde os leitores poderão consultá-los".
    De certa forma concordo com você sobre a Wikipedia, mas por questão de fidelidade ainda gosto mais dos dicionário de papel, tenho nove e os consulto quase todos os dias. Não há o que se compare a o "Houaiss". Abraços vernaculares, JAIR.

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  5. Só posso dizer que a cada passada por aqui é um grande aprendizado... E o que fica para mim, na blogada de hoje são dois pontos: 1- A democratização da informação e quizá o conhecimento e 2- (o mais importante)A wikipédia tem erros, alguns até grosseiros. Não há verbertes neutros... Mas nas Enciclopédias isso também ocorro. Esse segundo ponto, professor Chassot, quebra a fala de muitos que são contra a Wikipédia... Viver, aprender e se defender... Isso é tudo

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  6. Mestre, me parece que a Britânica não acabou, mas apenas deixou de ser publicada no papel.
    Com certeza, ainda prosseguirá por muito tempo digitalizada, sendo atualizada e continuando como uma referência mundial do conhecimento e da cultura!
    Que assim seja!
    Abraços!

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  7. dirceu Aparecido Borges23 de março de 2012 às 09:54

    Caro Chassot,
    é com muito pesar que recebo tal notícia. Lembro-me que em minhas pesquisas de escola, íamos à biblioteca municipal. E a nossa maior procura eram enciclopédias. Paralela à "morte" de enciclopédias impressas, é o desuso das bibliotecas como fonte de consulta - hoje praticamete vazias. è mais fácil perguntar ao oráculo - o google - ou melhor dizendo, ao robô google. Aqui em minha cidade, a biblioteca estadual foi trocada por uma agência de empregos.
    Ainda se pode encontrar uma coleção de uma enciclopedia, por um preço promocional, em uma livraria de livros usados (cebos).
    Um abraço cordial!

    Dirceu Aparecido Boregs (Campo Grande-MS)

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