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sábado, 17 de dezembro de 2011

17.- PARA (RE)CONHECER UM ÍCONE: MENDELEIEV



Ano 6 *** Em trânsito Frederico Westphalen/Porto Alegre *** Edição 1962
 Quando circular esta edição terei deixado Frederico Westphalen há 40 minutos; devo estar em Porto Alegre, antes das 06h. Estou retornando como antes por uma linha municipal. A alternativa da vinda não aprovou: levou 7h45min, ao invés de seis: entrou em várias cidades (São Leopoldo, Novo Hamburgo, Montenegro, Lajeado...) logo não teve vantagens sonhada de menos paradas e, ainda, não tinha internet.
Algo do diário de um mestre-escola, na tríplice jornada desta sexta-feira no Programa de Pós-Graduação em Educação da URI. As atividades da manhã começaram com a retomada dos encontros de novembro, feitas – inicialmente – em três tempos: Cada um dos participantes recebeu uma folha, com três campos, com ordens distintas: no primeiro Elabore uma questão/problema acerca de assunto tratado em um dos dois primeiros encontros; no segundo, (depois de uma troca aleatória de folhas) a um respondente, se oferecia: Proponha uma resposta ao apresentado acima; em um terceiro campo, a outro aluno (o avaliador), se propunha: Considera a questão e a resposta e fação uma avaliação descritiva e atribua notas 5+5 justificadas. Depois de a mesma folha receber contribuições de três participantes, se organizou a leitura de uma rodada do primeiro campo, para em outro momento se eleito um conjunto de pergunta + resposta + avaliação para serem socializada por todos.
A parte da tarde teve inicio com o texto centralizado aqui ontem, seguida de estudos de revoluções científicas. À noite fizemos uma análise do livro A Ciência é masculina? É, sim senhora!                            
Estamos quase no ocaso do 2011 – Ano Internacional da Química. Neste blogue a efeméride foi muitas vezes celebrada. Muitas sociedades científicas fizeram o mesmo no Planeta. Eu, pessoalmente, evoquei o tema em dezenas de palestras.

Muito provavelmente não existe no imaginário de alunas e alunos do ensino médio (e, talvez mesmo entre os professores de Química) e até entre profissionais das diferentes áreas nenhum nome que desperte tanta admiração e mesmo curiosidade como o de Dimitri Ivanovitch Mendeleiev (1834-1907). À comunidade envolvida com os feitos do genial russo foi oferecido, já em 2002, um livro muito especial escrito pelo espanhol Pascoal Roman Polo, professor da Universidad del País Vasco. Tive o privilégio de naquele ano ser recebido pelo professor Pascoal em sua universidade, trocado experiências acadêmicas e conhecido, sob sua direção parte da região. Agora, passados quase 10 anos ofereço aqui a sugestão.
& ROMÁN POLO, Pascual. El profeta del orden químico: Mendeléiev. Tres Cantos (Madrid): Nivola, 2002. 190 p. ilustr. ISBN 84-95599-29-6
 Em El profeta del orden químico: Mendeleiev, Román Polo – que já havia traduzido para o eusquera [há duas notas ao final] a Tabela Periódica – apresenta o que título anuncia. Obra, que é o volume 9 da coleção “cientistas para a história” tem uma editoração primorosa e uma iconografia resultado de uma busca a fontes raras, que nem sempre disponíveis de um número maior de leitores. O texto tem o rigor do químico inorgânico da UPV, que se sentiu desafiado a produzir algo da dimensão do biografado e o fez com sobejos méritos.
No cap. 1 – Amor de mãe – ao conhecermos a Rússia do século 19, que ainda vivia sob o calendário Juliano, nos emocionamos com a forte relação de Dimitri com sua mãe. Em Ciência, docência ou indústria vemos as dificuldades de opção do jovem cientista e as exigências de buscar fora da Rússia aperfeiçoamento e fazer tessituras com outros ícones de então. No capítulo 2 conhecemos acerca das (des)venturas da vida amorosa do biografado. Mas é o título do capítulo seguinte: Uma grande paixão: a Ciência que conta desta que foi a sua relação mais intensa. Isso é detalhado no capítulo 4: Sua obra mais querida: “Princípios de Química” da qual ele mesmo disse: “Princípios de Química” é a mais querida de minhas criaturas. Contêm todo o meu ser, minha experiência de pedagogo e minhas idéias científicas mais íntimas (p. 97). O cap. 5 – O gênio aparece: a lei periódica – detalha aquela que é a contribuição pela qual mais conhecemos Mendeleiev: a tabela periódica e no capítulo seguinte – O poder de predição da Tabela periódica –, conhecemos o quanto a genialidade extrapola a descoberta maior e o genial russo a usa para fazer predições e correções em descobertas de elementos. O último capítulo – Mendeleiev, Moseley e Seaborg – detalha a ratificação da lei periódica com o estabelecimento do número atômico.
Além de uma muito criteriosa biografia, contextualizada na Rússia da pré Revolução de 1917, especialmente quanto ao panorama da Ciência e da indústria química, há destaques a feitos da época com os quais Mendeleiev envolveu-se (movimentos feministas – talvez a maioria dos químicos desconheçam o quanto esse ancestral se envolveu com questões relacionadas com o feminismo –, ambientalistas, astronômicos, aeronáuticos...).
Há, ainda no correr de todo livro mais de duas dezenas de boxes (talvez devesse chamá-los de hipertextos), a maioria biografia de cientistas que aparecem na trama histórica ou ainda de fenômenos químicos; há alguns desses, que por serem por muito extensos – Caos e confusão da Química no século 19, tem 6 páginas – que chegam a dificultar uma leitura linear do livro. Há ainda uma cuidadosa cronologia e bem elaborada bibliografia para futuros estudos.
Este livro, como vários outros que trazem a biografia do genial russo reforçam a figura mítica de Mendeleiev: olhar suave, mas interrogante, cabelo em desalinho, barba de profeta. Nenhum leitor aceitaria esse ícone da Química moderna sem essas marcas, por exemplo, com cabelo raso. Temos imaginários: construíram-nos a imagem de Einstein junto a uma lousa com fórmulas matemáticas indecifráveis ou Marie Curie com Pierre no laboratório procurando elementos radioativos a partir de toneladas de pechblenda. Desejo uma boa leitura para adensar mais as imagens que temos de Mendeleiev.
[1] Eusquera ou vasco, é a língua falada no País Vasco, uma das autonomias da Espanha. É uma chamada língua isolada, ou seja, uma língua da qual não se conhece parentesco com nenhuma outra língua moderna. É um idioma tão difícil que em português vasconço é sinônimo de língua ininteligível.
[2] Para que o leitor verifique o quanto o eusquera é uma língua, onde não se encontra semelhança com outras línguas, leia um excerto de um folheto que descreve a arquitetura do Museu Guggenheim de Bilbao, que visitei quando estive na UPV. “Eraikina elkarri lotukako bolumen batzuek osatzen dute, batzuk ortogonalak eta kararriz, titaniosko larru metaliko batez estaliak. Bolumen oriek beirazko gortina-hoemekin kombinatuta daude, araikin osoari gardentasuna eskainiz. Konplexutasun matimatikoaren eraginez, harri, kristal eta titanioko kurba bihurgunetsuak ordenadore bidez diseinatu dire.” A tradução (que faço do espanhol, é claro). “O edifício está composto de uma série de volumes interconectados, uns de forma ortogonal recobertos de pedra caliça e outros curvados e retorcidos, cobertos por uma película de titânio. Estes volumes se combinam com muros, como cortinas de vidro que dotam de transparência todo edifício. Devido a sua complexidade matemática, as sinuosas curvas de pedra, cristal e titânio foram desenhadas por computador.” É preciso reconhecer que se trata de um texto técnico com termo modernos. É fácil imaginar a complexidade de textos que contenham, por exemplo, a história remota vasca, uma das mais antigas civilizações do Planeta. 

Um comentário:

  1. Caro Chassot,
    Como meu conhecimento de química é primário, tabela periódica e química orgânica somente, ler sobre o grande Mendeléiev é estimulante. Obrigado por essa preciosa dica, JAIR.

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