TRADUÇAO / TRANSLATE / TRADUCCIÓN

quinta-feira, 25 de março de 2010

25*QUI* Uma vez mais apocrifia

Porto Alegre Ano 4 # 1330

Mais uma vez, para homenagear a Gelsa, posto esta edição tão logo adentra aqui a quinta-feira. Esta edição é para seu antepenúltimo despertar de suas seis semanas na Europa.

A edição de ontem foi das mais significativas das mais de 1300 edições deste blogue. Teve apenas dois comentários, dos quais um muito esperado. Este provinha do autor de uma revelação que me convulsionara: uma fraude à Wikipédia. Trago aqui os dois comentários e minhas duas respostas. Permito-me editar por primeiro a minha resposta ao segundo comentário. A trazida do comentário que é o quarto nesta sequência promete fazer desta edição algo memorável.

Meu caro Marcos, hoje muito esperei teu comentário. Afinal eu fora inclemente contigo na blogada desta quarta-feira. Chega-me já noite adiantada teu comentário, ou melhor, tua significativa e patética [que tem capacidade de provocar comoção emocional, produzindo um sentimento de piedade, tristeza, terror ou tragédia] história de Leonardo de Parma. Tua descrição é literalmente patética. Tomei imediata decisão. Tua história não podia ficar escondida num restrito box de comentário, usualmente nem lido. Alterei pauta e ela estará na blogada de amanhã. Por ora, só uma boa noite, ac

Muy querido Profesor Chassot, aquello que relata Marcos como experiencia me parece una alerta muy válida para tener en cuenta. La palabra escrita tiene un "poder" mágico frente a la verbal. Una vez que está escrito algo es como si obtuviera un status de legitimación. ¿No es acaso ése parte del éxito de los periódicos, que se convierten en "fuentes confiables" del registro del social cotidiano? No es casualidad que cite un medio, ya que el internet se está convirtiendo - cada vez más - en uno de los medios más influyentes. Por tanto, con la información pasa como con la comida: hay que cuidar lo que nos llevamos dentro.
Gracias por la alerta, a los dos, un abrazo cariñoso, MK

Muy estimada Matilde, tus comentarios remiten a la cita de Pilatos cuando los judíos han pedido para que modificase el texto puesto para la cruz de Jesús: “Quod script, script”.

Yo no absolvería nuestro tan querido y apreciado Marcos tan fácil como tú. ¿Por qué el ha hecho eso? Para vivir una experiencia empírica radical, tal vez! Para mí el ha violado una de las instituciones más democrática da internet: la Wikipedía. Y ha sido eso que me ha molestado en la trampa de Marcos. El probablemente no ha traído prejuicios a ninguna persona por que ha sido generoso y inventado un filosofo a que ningún buscaría. Imagínate si el colocase la biografía de alguien conocido. Todavía dices de manera muy apropiada: Por tanto, con la información pasa como con la comida: hay que cuidar lo que nos llevamos dentro.
Yo continuaré como un fan de Wikipedía y deseoso que Marcos continúe trayendo sus tan preciosos comentarios cotidianos.

Gracias por tan importantes consideraciones y permítame aditar que es un honor para ese blogue tenerla como lectora y comentarista. Tu confieres la dimensión internacional a ese blog achas

Mestre Chassot, a ideia da criação do artigo na Wikipedia veio de uma triste comprovação acadêmica: as pessoas preferem concordar com o desconhecido do que admitirem que desconhecem. Isso ocorreu em uma aula com uma professora do Curso de Licenciatura em História, a qual omitirei o nome por questão de ética. Falávamos sobre a importância do homem em sua vida adulta e idosa, e tudo o que era dito pelos colegas, por mais estapafúrdio que fosse, era assentido pela professora.
Então, em uma "prova de fogo", citei uma frase - inventada na hora - e a atribui há um filósofo conhecido como Leonardo de Parma. Qual não foi minha surpresa quando a mestra não apenas concordou com minha citação, como também me elogiou por lembrar do quase esquecido Leonardo de Parma?!
Decepcionado com a experiência, quis ver até onde os meus colegas de graduação poderiam ir, e, brincando com os mais chegados – e que eram meus cúmplices na invenção do filósofo – disse que iria criar um artigo na Wikipédia. Rimos bastante da ideia, mas eis que eu resolvo tentar pô-la em prática e, surpreendentemente, consigo com imensa facilidade.
O assunto, por mais de uma semana, não foi outro: Leonardo de Parma na Wikipedia. Os meus amigos mais próximos riam, e nós esperávamos para ver a repercursão disso. Pois não é que alguns colegas, para darem ares de que sabiam da existência do ilustre e desconhecido Leonardo, puxaram assunto comigo, falando sobre a leitura que já haviam feito sobre a obra deste filósofo?! Tudo pesquisado, sem dúvida, na Wikipédia, mas transmitido como se fosse um conhecimento de muito tempo.
E o nosso filósofo foi parar na UFRGS, em uma aula da esposa do professor e amigo Éder Silveira, que sabia da brincadeira e avisou a esposa. Ela usou o artigo para falar dos pseudônimos e pseudo-identidades criadas por alguns artistas, mostrando como é fácil, mesmo em meio a tanta informação, disseminar uma história ficciosa com ares de verdade. Até na FAPA o nosso ilustre italiano apareceu.
O resultado dessa experiência foi pura e simples decepção, pois mostrou a fragilidade não apenas na veiculação de informações falsas em um ambiente sério, mas também a fragilidade da modéstia de alguns de meus colegas e de uma professora em, simplesmente, admitir que desconhecessem a
lgo que, de fato, não existia.

Por esse motivo, não me arrependo em nada do que fiz, pois tive a prudência de retirar do site o artigo, mesmo podendo ter postergado sua permanência por tempo indeterminado. O que assusta é que, mesmo os editores e revisores seniors da Wikipédia sabendo que eu veiculei uma informação falsa, eu ainda tenho minha conta de editor, sem nenhuma restrição ou aviso.
Fiquemos de olhos atentos, mentes abertas, e orgulho reduzido. Ótimo dia. MV

Não há de que se arrepender. Há motivo de orgulhar-se. A trazida de tuas revelações/denuncias é alimentada por recomendação bíblica: ‘Ninguém acende uma vela para escondê-la embaixo da cama!’. Atenção meus colegas professoras e professores, os estudantes não são tolos como, às vezes, nós os julgamos. Se eles nos considerarem – não raro – patetas, parece que eles têm razão.

A blogada de amanhã será postada de São Paulo. No final da tarde viajo para a capital paulista, para na manhã de amanhã falar para de coordenadores de cursos de Educação Continuada e Especialização em Direito da Fundação Getúlio Vargas. Volto para Porto Alegre no começo da tarde de sexta-feira. Uma muito boa quinta-feira para cada uma e cada um.

9 comentários:

  1. Caro Mestre! Não me surpreende o que foi constatado pelo Marcos. Nossos alunos, desde o Ensino Básico, são influenciados por um certo terrorismo, cometido por colegas e algumas vezes pelos proprios docentes. Muito deles calam sua criticidade temendo serem motivos de ridicularizaçao. Dai em diante se alienam, mesmo que internem muitas dúvidas. E, certamente, nessa oportunidade citada pelo Marcos, muitos colegas devem ter se perguntado: Quem é esse Leonardo de Parma (ou seria de Cáprio)? Prá evitar qualquer situaçao constrangedora, semelhante àquelas do Ensino Básico, aceitemos o que diz o nobre colega. Assim também deve ter pensado a nobre professora. Abraços do JB.

    ResponderExcluir
  2. Bom dia Professor!
    Dois pontos irei destacar que me marcaram:
    "as pessoas preferem concordar com o desconhecido do que admitirem que desconhecem"
    e
    "O resultado dessa experiência foi pura e simples decepção, pois mostrou a fragilidade não apenas na veiculação de informações falsas em um ambiente sério, mas também a fragilidade da modéstia de alguns de meus colegas e de uma professora em, simplesmente, admitir que desconhecessem algo que, de fato, não existia."
    .
    É bom ver pessoas que pensam de forma semelhante à nossa!
    Quantas vezes repito aos meus alunos que não direi mentiras a eles; quantas vezes digo que não sei algo e que os convido a pesquisarmos e questionarmos juntos!E, quantas vezes é difícil fazê-los entender que o 'não saber' algo não é vergonha!Vergonha sim, é fingir que sabe, como nesta história do Marcos, algo que sequer existe!
    Mas...como é difícil ao ser humano aceitar suas fragilidades, não?!E, quantos professores se sentem os "detentores reais do conhecimento", únicos e exclusivos, e têm medo, vergonha, ou [na minha opinião] falta de humildade em aceitar sua condição humana de não ser conhecedor de tudo no mundo!
    .
    Excelente postagem, Mestre!
    Como sempre, bom gosto e sinceridade!
    .
    Uma ótima quinta ao senhor!
    .

    ResponderExcluir
  3. Meu caro Jairo,
    a mim surpreende. Aliás, não vejo nada de nobre em uma professora modelo ‘oba-oba’ como a mostrada pelo Marcos. Em minha fala de amanhã na FGV-SP, quando analiso modificações ocorridas muito recentemente na Escola vou trazer duas mais, decorrentes das discussões que teve como fórum este blogue:nesta última semana Uma, a aceleração cada vez maior da chegada à adolescência (recentemente os jornais ‘saudavam’ o lançamento de preservativos para meninos de 12 anos ou como dizia a notícia ‘camisinhas para os pintinhos’). Outra, a presença cada vez maior da apocrifia [característica ou condição do que é apócrifo (= que não é do autor a que se atribui)] que se traduz num copismo (quase) incontrolável e na invasão de instituições com méritos como a Wikipédia.
    Na expectativa de nosso encontro hoje, os agradecimentos do
    attico chassot

    ResponderExcluir
  4. Estimada colega Thaiza,
    realmente a humildade intelectual parece estar ausente em alguns colegas nossos. Os ‘burricos de presépio’ que concordam com tudo que se fala existe entre professoras e professores e também entre estudantes, As lições trazida pelo Marcos são transcendentais para os discentes (é fácil identificar copismos) e docentes (os estudantes podem nos pregar meça que podem ser levados ao ridículo). Dizer como tu: Isso eu não sei, vamos pesquisar juntos é vital.
    Retribuo os teus votos de uma boa quinta-feira

    attico chassot

    ResponderExcluir
  5. REPUBLICAÇÃO DO COMENTÁRIO ANTERIOR POR TER TIDO ERRO
    Estimada colega Thaiza,
    realmente a humildade intelectual parece estar ausente em alguns colegas nossos. Os ‘burricos de presépio’ que concordam com tudo que se fala existe entre professoras e professores e também entre estudantes, As lições trazida pelo Marcos são transcendentais para os discentes (é fácil identificar copismos) e docentes (os estudantes podem nos pregar peça que podem nos levar ao ridículo). Dizer como tu: Isso eu não sei, vamos pesquisar juntos é vital.
    Retribuo os teus votos de uma boa quinta-feira

    attico chassot

    ResponderExcluir
  6. Buena, professor Chassot.

    O relato do colega Marcos é muito interessante e pertinente. Há tempo venho discutindo com meus alunos, maiores, o potencial e os perigos da Wikipédia, e temos aqui mais um exemplo para analisar cuidadosamente. Vejo a Wikipédia como algo utópico, a utopia do texto sempre aberto, onde as pessoas podem construir e reconstruir conhecimentos coletivamente, em rede. O fato de ser colaborativa, permite, pelo menos teoricamente, a revisão e reformulação constante do conteúdo editado. Porém, do outro lado, está a discussão sobre a superficialidade dos conteúdos. Mas, a continuação dessa discussão deixo como dica para o professor.
    Sei que precisamos nos aproximar dos discursos e das ideias que envolvem a existência da Wikipédia.

    Forte abraço, e uma quinta-feira iluminada para o professor e para os comentaristas do blog.

    ResponderExcluir
  7. Meu caro colega Luiz,
    primeiro me rejubilar com teu retorno como comentarista isso é muito bom. Recém cheguei ao hotel em São Paulo com mais de uma hora de atraso. Chuvas voltaram complicar o trânsito nessa mega-metrópole.
    Muito bem posta a tua caracterização para a Wikipédia: uma utopia, na qual nós sonhadores acreditamos.
    Lutemos para que esse sonho possa se fazer realidade,
    Um abraço agradecido nessa parceria de fazermos juntos alfabetização científica.
    attico chassot

    ResponderExcluir
  8. Mestre Chassot, a informação que trouxe a público é algo que corrobora com uma constatação realmente triste da realidade da Wikipedia: ela pode ser facilmente fraudada. O meu caso é apenas um. Já me deparei com muitos textos com informações ficciosas, tendenciosas e anacrônicas, e elas permanecem no ar.

    Acho que, dificilmente, uma palavra definiria melhor a Wikipedia do que "utopia". Entretanto, é inegável que ela permanece sendo a mais confiável das fontes de consulta na internet, mas não sei dizer se isso é por puro mérito dela, ou se é por demérito das demais páginas do tipo.

    Ótimo dia.

    ResponderExcluir
  9. Meu querido Marcos,
    realmente aqueles que fizeram a Wikipédia foram ‘ingênuos’. Construíram lindas moradas e ofereceram para todos. Muitos fruem e ajudam a ampliar espaços... Outros dilapidam o construído.
    Uma boa noite deste a Pauliceia, já no ocaso da quinta-feira,
    attico chassot

    ResponderExcluir